Nos últimos anos é possível perceber o aumento de igrejas que nascem da divisão de outras igrejas, até mesmo as mais tradicionais se formaram ou sofreram rupturas. Esse fato tem um lado positivo que é o aumento de ministérios para proclamar a Palavra de Deus, mas por outro lado essas dissensões causam traumas na vida dos fieis gerando até a morte espiritual, segundo diz teólogos.
Mas por mais que isso seja ruim podemos perceber através da história que é impossível existir um cristianismo indiviso, conforme diz o teólogo Joanildo Burity. “A divisão é intrínseca à experiência da Igreja cristã: simplesmente, nunca houve um cristianismo indiviso”, diz ele que coordenador do mestrado sobre fé e globalização do Departamento de Teologia e Religião daUniversidade de Durham, na Inglaterra.
Existem diversas razões para haver um racha em uma denominação, desde a vaidade pessoal dos líderes até insubordinação, dificuldades de se trabalhar em equipe e interesses pessoais nocivos. Mas também há divergências teológicas ou de vocações ministeriais legítimas, que são sufocadas por lideranças centralizadoras. “Dificilmente, a divisão é provocada por uma ovelha, mas quase sempre por um pastor ou líder”, argumenta o pastor Osvaldo Lopes dos Santos, presidente da União das igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (UIECB).
Osvaldo diz que por qualquer que seja os motivos, a divisão de uma igreja sempre gera verdadeiros traumas emocionais e de fé nos membros que são os que mais sofrem nessas situações. “Toda ruptura, quer seja pessoal ou institucional, sempre causa algum tipo de trauma emocional, psicológico, social, e, no caso da igreja, um espiritual”.
Ele também diz que esse processo é como um divórcio. “Trata-se de um divórcio eclesiástico, que afeta profundamente a história e a identidade de um povo, removendo as suas bases e criando um grande vazio existencial por um longo tempo.”
Para o pastor Altair Germano, coordenador pedagógico Faculdade Teológica da Assembleia de Deus em Abreu e Lima (Fateadal), em Pernambuco, esses traumas podem criar grandes males espirituais para os membros de uma igreja que se fragmenta – “Embora, em alguns casos, a divisão seja até necessária”, ressalva.
Germano ensina que nesses casos levantar as questões de maneira pública não é o melhor caminho. “As demandas e questões que suscitam divisões denominacionais precisam ser tratadas pelos líderes com sabedoria, temor, respeito e amor cristão.”
Essas declarações foram dadas para a revista Cristianismo Hoje
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